O fantasma da produtividade está ameaçando a sua saúde mental no trabalho
- Jomara Fernandes
- 9 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2024
Como o ambiente de trabalho moderno pode estar sabotando o bem-estar dos colaboradores e o que podemos fazer a respeito

Imagine um trabalhador eficiente, comprometido, que cumpre suas tarefas com maestria. Agora, imagine que por trás dessa fachada de produtividade existe um mar de ansiedade, estresse e, quem sabe, até depressão. Surpreso? Não deveria estar. O ambiente de trabalho moderno está, muitas vezes, envenenado por uma cultura que valoriza a produtividade a qualquer custo, sem considerar o impacto devastador que isso pode ter na saúde mental.
A saúde mental dos trabalhadores é um tema que deve ser abordado com a seriedade que merece. A verdade é que, para muitos, o trabalho se tornou um campo minado emocional. Pressão por resultados, prazos insanos, falta de reconhecimento e um equilíbrio vida-trabalho inexistente são apenas alguns dos demônios que rondam as mesas de escritório.
No Brasil, segundo dados do INSS, os transtornos mentais respondem como a segunda causa de afastamento do trabalho por motivo de doença, com crescimento importante nos últimos anos e potencial para se tornar, em breve, a primeira causa de incapacidade.
O estresse no trabalho não é apenas um inconveniente passageiro; é um ciclo vicioso que corrói lentamente a saúde dos trabalhadores. Quando a pressão se torna insuportável, a produtividade diminui, o absenteísmo aumenta, e o que poderia ser uma carreira promissora transforma-se em um pesadelo diário.
A pergunta que devemos nos fazer é: como quebrar esse ciclo? A resposta não é simples, mas começa com uma mudança de cultura nas organizações. Precisamos parar de glorificar o esgotamento como se fosse uma medalha de honra. É essencial criar um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para expressar suas dificuldades sem medo de represálias.
Afinal o trabalho também é um indutor de saúde mental. Segundo o psicanalista e psiquiatra francês, especialista em medicina do trabalho e considerado o pai da psicodinâmica no trabalho, Christophe Dejours, o trabalho é uma forma de transformar-se a si mesmo, uma forma de criatividade e de desenvolvimento de inteligência, e, quando reconhecido e portador de sentido, é um indutor de saúde mental para o indivíduo.
Por isso, um apelo especial aos líderes e gestores: o seu papel é crucial. Liderança empática não é um conceito abstrato – é uma necessidade urgente. Aprenda a reconhecer os sinais de sobrecarga emocional em sua equipe. Ofereça apoio, escute, mostre que você se importa. Observe o seu estilo de gestão, desenvolva o trabalho junto com seu colaborador, escute-o, forneça as orientações necessárias, deixe-o entender sua importância e sua contribuição no todo.
Afinal, a saúde mental não é apenas responsabilidade do trabalhador. É um compromisso coletivo. E uma liderança que valoriza o bem-estar mental inspira confiança e lealdade, criando um ambiente onde todos podem prosperar. Essa é base para a segurança psicológica.
É preciso desestigmatizar, compreender que a saúde mental no trabalho não é um luxo; é uma necessidade básica. Cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa jornada. Empresas precisam adotar práticas mais saudáveis e trabalhadores devem sentir-se capacitados a buscar ajuda quando necessário.
Então, da próxima vez que você se sentir pressionado ou notar um colega lutando para manter a cabeça acima da água, lembre-se: a saúde mental é tão vital quanto a física. E juntos, podemos criar ambientes de trabalho onde a mente possa prosperar tanto quanto o corpo. E isso nos ajuda a criar um mundo com mais propósito!
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