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Os falsos dilemas...


O falso dilema entre VIDA ou ECONOMIA em tempos de covid-19 faz pensar no falso dilema PESSOAS ou RESULTADOS nas organizações.


O economista Richard Baldwin em entrevista concedida a BBC News (que pode ser acessada aqui) fala do falso dilema vida ou economia. Para Baldwin é necessário proteger vidas (com a implementação do isolamento social para achatar a curva de infectados e o consequente colapso no sistema de saúde) ao mesmo tempo é preciso que se tomem medidas para proteger a economia e as pessoas em condições mais vulneráveis. Ou seja, uma ação não é em detrimento à outra. São ações que devem ser complementares.


Quando se pensa nas organizações existe uma “briga velada” entre alguns profissionais sobre o foco ser nas pessoas OU nos resultados. Ou seja, novamente, um falso dilema. Pois a empresa não terá sustentabilidade se focar nas pessoas e esquecer os resultados. Da mesma forma, se focar em resultados e esquecer as pessoas. Afinal, resultados acontecem por meio das pessoas.


Opa!!! Então se o motivo é esse, resultados são mais importantes que as pessoas, bem como a economia e mais importante que a vida? Pessoas são meio para os resultados da organização e vida é meio para o desenvolvimento da economia?


Qual a sua resposta para essas duas perguntas?


Eu responderia “Não!” para a primeira questão e “Sim!” para a segunda.


E o argumento, tanto para o não quanto para o sim, é exatamente o mesmo: as pessoas e a vida existem antes das empresas e da economia, e empresas e economia são ideias (um constructo social) criadas e seguidas pelas pessoas.


Então, para termos melhores empresas e melhores sistemas econômicos basta termos melhores ideias, melhores valores.


E não há momento melhor para identificarmos esses valores como hoje, agora. O momento em que a finitude bate à nossa porta ou à porta dos nossos amigos e parentes. O momento em que estamos lidando mais intensamente com nossos filhos, filhas, companheiros, companheiras ou, principalmente, com nós mesmos. Momento em que nossas “fugas” da realidade estão mais restritas. O momento em que muitos estão vivendo com bem menos do que viviam.


E se começássemos a valorizar o coletivo mais que o individual, o eco mais que o ego, a colaboração mais que a competição, o ser mais que o ter, o amor mais que o medo... Será que nossas ideias, empresas e economia seriam diferentes? Será que teríamos algum dilema entre vida e economia, entre pessoas e resultados?


Como seriam nossas empresas e nossos sistemas socioeconômicos se fossem pautados pelo coletivo, pelo eco, pela colaboração, pelo ser e pelo amor? Que resultados seriam alcançados? Qual seria a potencialidade desses resultados?


Nós alimentamos os sistemas aos quais vivemos. Etienne de La Boéti, filósofo do século XVI, diz no atualíssimo Discurso da Servidão Voluntária, que “o fogo de uma pequena faísca cresce e vai aumentando sempre e, quanto mais lenha encontra, mais está disposto a queimar.” La Boéti continua dizendo que “não é preciso jogar água para apagá-lo, basta não colocar mais lenha, e ele, não tendo mais o que consumir, acaba se extinguindo por si mesmo, fica sem força e não é mais fogo”.


Voltando a Baldwin, ele finaliza a entrevista dizendo que “se você não implementa a quarentena porque quer economizar dinheiro, isso é uma questão moral, não econômica”.


Utilizando a mesma estrutura eu diria que se você quer desenvolver as pessoas para atingir resultados que colocam os interesses individuais à cima e em detrimento aos valores coletivos, ou, alimenta sistemas corruptos e nocivos à sociedade ou ao planeta, essa é uma questão moral, não profissional.


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