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Regulação Emocional e Propósito

Ter um propósito de vida pode ser uma fonte importante de motivação para adotar estratégias saudáveis de regulação emocional, o que, por sua vez, pode levar a melhores resultados emocionais e de bem-estar.

EMOÇÃO


Emoção é uma característica herdada filogeneticamente no ser humano e em outros animais. É uma resposta orgânica e arcaica, parte fundamental do sistema de resposta a estímulos que evoluiu ao longo de milhões de anos para ajudar os organismos a sobreviver e se adaptar ao ambiente.


A função das emoções é sinalizar a presença de um estímulo significativo no ambiente e preparar o organismo para uma resposta adequada. Elas ajudam os organismos a lidar com as demandas do ambiente e a sobreviver em situações de perigo, ameaça ou oportunidade. Essas respostas emocionais são mediadas por circuitos neurais e hormonais complexos que estão presentes em muitas espécies animais, incluindo os seres humanos.


Logo, sentir emoções não só é natural, mas também saudável e benéfico para a melhor adaptação ao ambiente. A música "Socorro" de Arnaldo Antunes mostra claramente a agonia de não sentir emoções:


"Socorro, não estou sentindo nada

Nem medo, nem calor, nem fogo

Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir


Socorro, alguma alma, mesmo que penada

Me empreste suas penas

Já não sinto amor, nem dor

Já não sinto nada


Socorro, alguém me dê um coração

Que esse já não bate nem apanha

Por favor

Uma emoção pequena, qualquer coisa"


Então, quero continuar este texto combinando com você, leitora/leitor, que é bom, legal e saudável sentir emoções. Combinado?


EMOÇÃO E SENTIMENTO


Antes de prosseguirmos, vamos esclarecer que embora os termos "emoção" e "sentimento" sejam frequentemente usados de maneira intercambiável, eles se referem a fenômenos diferentes. Emoção se refere a respostas psicofisiológicas automáticas a estímulos internos ou externos. Essas respostas são caracterizadas por mudanças fisiológicas, como alterações na frequência cardíaca, na respiração e na atividade hormonal, além de mudanças cognitivas e comportamentais.


Um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Leiden, na Holanda, publicado em 2014 na revista Psychological Science, mostrou que a duração da emoção durou, em adultos, cerca de 18 a 24 minutos após o término do estímulo que a desencadeou. Portanto, uma das principais características das emoções é que, em geral, elas são de curta duração.


Já o sentimento é a experiência consciente ou subjetiva da emoção. Em outras palavras, é como a pessoa interpreta e dá significado à sua experiência emocional. Os sentimentos são a parte da emoção que é percebida e nomeada pela pessoa. Por exemplo, sentir raiva é uma emoção que se manifesta em uma resposta fisiológica e comportamental, enquanto o sentimento de raiva é a experiência consciente dessa resposta.


REGULAÇÃO EMOCIONAL


Regulação emocional refere-se ao conjunto de processos cognitivos, comportamentais e fisiológicos que as pessoas utilizam para controlar a intensidade, a duração e, principalmente, a expressão de suas emoções. Em outras palavras, é a forma saudável de lidarmos com as nossas emoções.


A regulação emocional é importante para o bem-estar e para a adaptação social. A falta de habilidades de regulação emocional pode levar a problemas de saúde mental, como transtornos de ansiedade e depressão, bem como dificuldades nas relações interpessoais. Por outro lado, a regulação emocional adequada pode melhorar o bem-estar, promover a resiliência emocional e facilitar a adaptação às mudanças na vida.


Em termos práticos, a regulação emocional é a nossa capacidade de sentir uma emoção, identificá-la e viver essa emoção sem que a mesma cause muitos transtornos na nossa vida. Não é não sentir raiva, por exemplo, mas, como diz Aristóteles, é "zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, pelo motivo certo e da maneira certa", ou pelo menos, não pular no pescoço de ninguém e permitir que essa emoção siga o curso de sua dispersão metabólica - aqueles 18 a 24 minutos.


Existe uma famosa história zen que fala que um mestre e seu discípulo estavam caminhando e ao chegarem à margem de um rio viram uma bela moça tentando atravessá-lo. O mestre zen ofereceu-lhe ajuda e, erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem. Após a travessia a moça seguiu seu caminho e o mestre e o discípulo o deles. Porém o discípulo ficou bastante perturbado, pois o mestre sempre lhe ensinara que um monge nunca deveria se aproximar nem tocar em uma mulher. O discípulo, sem conseguir mais conter seu incômodo, disse ao mestre: "Mestre, o senhor me ensina dia após dia a nunca tocar uma mulher e, apesar disso, o senhor pegou aquela bela moça nos braços e atravessou o rio com ela." "Tolo", respondeu o mestre, "Eu deixei a moça na outra margem do rio. Você ainda a está carregando."


Muitas vezes continuamos "carregando" emoções, mesmo quando seus fatores ocasionadores já passaram. Aprender a deixar a emoção ir é autorregulação emocional.


PROPÓSITO


É aqui que entra o propósito! Quando você está conectado ou conectada ao seu propósito, geralmente:

1) está focado nos objetivos de longo prazo e em seus valores pessoais, em vez de ficar preso em emoções negativas e eventos estressantes do dia a dia;

2) desenvolve mais resiliência, permitindo-se recuperar mais rapidamente de eventos negativos e lidar com o estresse de maneira mais eficaz;

3) tem mais autoestima e autoconfiança, permitindo que você se sinta mais capaz de enfrentar desafios e lidar com emoções difíceis;

4) encontra com mais facilidade significado nas experiências negativas e positivas da vida.


Aydinli e Yigit, pesquisadores da Universidade de Ankara, na Turquia, fizeram um estudo (2019) com o objetivo de investigar a relação entre propósito de vida e habilidades de regulação emocional em indivíduos adultos. Os resultados indicaram que os participantes que tinham um senso de propósito de vida mais forte eram mais propensos a usar estratégias de regulação emocional adaptativas, como a reavaliação cognitiva e a expressão emocional, e menos propensos a usar estratégias mal adaptativas, como a supressão emocional. Além disso, esses participantes relataram níveis mais altos de emoções positivas e mais baixos de emoções negativas.


Os autores sugeriram que ter um propósito de vida pode ser uma fonte importante de motivação para adotar estratégias saudáveis de regulação emocional, o que, por sua vez, pode levar a melhores resultados emocionais e bem-estar.


Por isso e por outras, seguimos firmes #porummundocommaisproposito.

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