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Propósito e Bem-estar (Parte 1)

Você já pensou em ser feliz, certo? Mas, neste momento, em que tipo de felicidade você estava pensando? É possível ir além da busca pela felicidade passageira e descobrir os segredos para uma vida mais gratificante e significativa?

Você já deve ter ouvido falar do Butão. Aquele país espremidinho entre os dois gigantes China e Índia e que é famoso por medir o seu progresso não só pelo PIB (Produto Interno Bruto) mas também pelo FIB (Felicidade Interna Bruta).


Além do Butão, a Organização das Nações Unidas (ONU), há 11 anos, publica o Relatório Mundial da Felicidade das Nações Unidas, que é um estudo anual que avalia o nível de felicidade e bem-estar em diferentes países ao redor do mundo.


Tanto o Butão quanto a ONU consideram a percepção de bem-estar como um indicador importante. Ou seja, os pesquisadores acham importante capturar a perspectiva individual dos cidadãos em relação à sua própria felicidade, bem-estar e de presença de emoções positivas e negativas – que preferimos chamar de confortáveis e desconfortáveis, já que do ponto de vista biológico, todas as nossas emoções são positivas (veja mais neste artigo).


O bem-estar, como a impressão individual e pessoal da própria felicidade e satisfação com a vida, vem sendo estudado desde a década de 50. Inicialmente o objetivo dos pesquisadores era encontrar indicadores de qualidade de vida para monitorar mudanças sociais e implantação de políticas sociais. Hoje é um campo específico de estudo dedicado a compreender os fatores que influenciam o bem-estar humano e desenvolver intervenções e estratégias para promovê-lo.


As concepções mais atuais abordam bem-estar sob duas perspectivas: o bem-estar subjetivo (BES) e o bem-estar psicológico(BEP). Ambos dizem respeito a autoavaliação que o sujeito faz sobre seu próprio bem-estar.


O BES está associado à perspectiva hedônica que é caracterizada pela busca do prazer e da ausência de dor, e pela busca de maximizar as sensações positivas (confortáveis) e minimizar as sensações negativas (desconfortáveis). Logo, é uma perspectiva que tem uma dimensão emocional muito forte em que o sujeito avalia a frequência e intensidade de emoções confortáveis e desconfortáveis em sua vida. Algumas escalas de BES incluem também uma dimensão cognitiva, em que o indivíduo avalia a satisfação geral com a vida em relação a suas aspirações.


Essa perspectiva de felicidade é de difícil manutenção a longo prazo por várias razões. Uma delas é o fenômeno conhecido como "adaptação hedônica" ou "habituação hedônica", que significa que, ao longo do tempo, nos acostumamos às experiências positivas e elas tendem a perder parte de sua intensidade e efeito emocional. Isso pode levar a uma necessidade constante de buscar novas experiências emocionantes para sustentar o mesmo nível de prazer. Além disso, a busca incessante pelo prazer imediato e evitação do desconforto pode levar a comportamentos de risco, como busca por gratificações instantâneas.


Outro ponto muito importante é que as emoções, como dito anteriormente, desempenham um papel essencial como mecanismos protetivos à vida humana, fornecendo informações rápidas e automáticas sobre o ambiente, motivando ações adaptativas e facilitando a interação social. A busca exclusiva pela felicidade hedônica pode levar à negação de emoções ditas negativas ou dificuldade em lidar com elas. Isso pode levar à falta de resiliência emocional, à dificuldade em lidar com adversidades e, principalmente, atrapalhar o desenvolvimento da empatia (assunto que será tratado em breve em outro artigo).


Já o BEP, bem-estar psicológico, é associado à perspectiva eudaimônica porque vai além da busca por prazer hedônico e enfatiza o florescimento humano e o sentido de vida. A abordagem eudaimônica se baseia nas ideias do filósofo grego Aristóteles, que defendia a importância de viver uma vida com propósito, virtude e realização pessoal. Dentro dessa perspectiva, o bem-estar psicológico reconhece que a felicidade verdadeira e duradoura está relacionada ao desenvolvimento de habilidades – inclusive de enfrentamento dos desafios da vida, aperfeiçoamento pessoal, engajamento em atividades significativas e vivência de emoções, confortáveis ou não, complexas e profundas.


Os estudos mais aceitos, atualmente, sobre BEP sugerem um modelo de bem-estar psicológico, proposto por Carol Ryff, renomada psicóloga norte-americana, que descreve seis componentes fundamentais que contribuem para o bem-estar psicológico de uma pessoa, são eles: autoaceitação, relacionamentos positivos, autonomia, domínio do ambiente, crescimento pessoal e propósito. Esses componentes são inter-relacionados e se influenciam mutuamente. Juntos, eles contribuem para uma vida mais gratificante, saudável e significativa, promovendo o florescimento e a resiliência psicológica.


Embora reconheçamos a importância do bem-estar subjetivo será sobre o bem-estar psicológico que trataremos ao longo dessa série de artigos. Neste primeiro trouxemos os conceitos e as abordagens sobre bem-estar, nos próximos artigos aprofundaremos em cada um dos componentes do bem-estar psicológico à luz do conceito de propósito, desenvolvido na Metodologia Purpose Mining.


Nosso objetivo é provocar reflexões que contribuam para o autoconhecimento, para o desenvolvimento humano, para a empatia e para saúde mental. Nossa abordagem de propósito, como já dito algumas vezes, é diferente de prazer e de promessa de felicidade eterna. Não temos a intenção de vender felicidade, nem de condenar ou suprimir a infelicidade, nem, muito menos, de lhe valorar pelos seus [grandes] feitos. Nossa proposta é, como diz uma baiana arretada, que no miudinho da vida, ou seja, que no nosso dia a dia possamos nos conectar com a nossa singularidade e com o sentido da vida, a nossa e todas as demais.


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